sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Esquizofrenias de Mãe

Há dias em que me sinto totalmente esquizofrénica. Duas vidas paralelas e simultâneas em mim pululam e coabitam, esperneiam e exigem supremacia. E eu, embora tenha um desejo de seguir apenas uma delas (desejo morto logo à nascença por vicissitudes da vida real, leia-se €€€), vou sentindo também necessidade de ter um pouco da outra, para diversificar o dia-a-dia, para ter outro tipo de vida social, menos fechado e exclusivo à família, como tem sido.

Entretanto vivo assim, nesta esquizofrenia de ser mãe e trabalhadora, de querer estar a 100% com o Afonso e de ter que produzir trabalho e resultados. Continua mudança de chip na minha cabeça, duma personagem para a outra, já que trabalho em casa, com ajuda das avós, que vão tomando conta do rebento mais pequenino da família. 

Trabalhar em casa, embora cómodo e barato, é como viver num limbo: nem se está num mundo nem no outro e vive-se cruzando continuamente as fronteiras de um lado para o outro.

O marido pergunta ao fim do dia: e novidades? E eu que lhe posso falar? Das minhas análises estatísticas? das minhas leituras e escritas teóricas? dos miúdos que observo e coto? do Afonso e das suas sestas (que também não chego a acompanhar bem, pois estou no escritório a trabalhar)? Este é o meu mundo desde que nasceu o nosso maior amor.

Um mundo mais rico, com mais cor, mais sorrisos e alegrias, mais feliz maravilhoso, mas também um mundo mais isolado, mais difícil de coordenar e lidar.

Tudo porque descobri que eu, uma workaholic nata, afinal o que gostava mesmo era de poder ter e criar uma prole de crias, aqui juntinho a mim. E quando crescessem, logo regressaria ao mundo laboral e a essas "distracções" do que realmente importa!

Mas como isso não é possível, resta-me esta esquizofrenia de mãe-trabalhadora.

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